quarta-feira, fevereiro 22, 2006

BENFICA 1-0 LIVERPOOL

MAIS UMA GRANDE VITÓRIA


Luisão e Petit estão definitivamente talhados para os grandes momentos. Ontem, frente ao campeão europeu, construíram uma vitória que parecia impossível, repetindo a proeza do jogo com o Sporting da época passada, onde os encarnados deram o passo decisivo para a conquista do título. Um livre cobrado pelo médio para a emenda do central, de cabeça, aos 84’ (frente aos leões tinha sido aos 83’...), colocou as águias em vantagem na eliminatória. A equipa de Koeman obteve assim um resultado superpositivo, se considerarmos as raríssimas oportunidades de golo que conheceu a partida, mas terá obviamente de sofrer muito em Inglaterra para passar aos quartos-de-final da Liga dos Campeões.
O triunfo frente ao Liverpool é também uma vitória da estratégia montada por Ronald Koeman. O holandês preferiu a contenção à audácia e o calculismo à emoção, mas acabou bem sucedido. Com o campeão europeu a adoptar a mesma toada, não se estranha que se tivesse assistido a um jogo ainda mais frio do que a noite de ontem em Lisboa.
Os ingleses acabam, aliás, por ser punidos pela forma excessivamente economicista como encararam este embate. Benítez deu-se ao luxo de deixar no banco um jogador com a dimensão de Gerrard e quis sempre controlar em vez de dominar. O Liverpool teve oportunidade de se impor, nomeadamente na primeira parte, em que os encarnados caminhavam num deserto de ideias, mas estranhamente nunca chegou a fazê-lo.
Tédio
Nos primeiros 45’, foi assim o campeão europeu a pautar o ritmo da partida, que era premeditadamente pausado. Com três médios pouco vocacionados para o ataque e sem organização ofensiva, o Benfica conquistou o primeiro canto aos 35’ e desferiu o remate inaugural (Beto, de cabeça, sem perigo) aos 37’. Nada mais.
No segundo tempo, o tédio terminou e, mesmo sem dominarem, os encarnados já conseguiram impor maior velocidade, embora a rapidez de execução não fosse sinónimo de risco nem de desguarnecimento da defesa. A entrada de Karagounis, para o lugar de um Beto desinspirado (ou se quisermos desajeitado), teve o condão de dar uma nova sapatada no jogo e a bola passou a rondar com maior assiduidade as duas balizas. Petit tentou fazer um chapéu de 45 metros que Reina susteve com dificuldade e Morientes, pouco depois, cabeceou sem oposição por cima da barra.
É lícito dizer-se que Koeman arriscou um pouco mas não o fez em demasia. A prova disso é a entrada de Nélson para o lugar de Robert, que até subira de produção na 2ª parte. Impunha-se a saída de Alcides mas o holandês manteve o objectivo de não sofrer golos como o prioritário.
Razão de Koeman
O facto é que a história do jogo lhe deu razão. Uma falta arrancada por Karagounis a escassos metros da área permitiu ao Benfica chegar ao golo. A estratégia encarnada – bola de Petit para a cabeça de Luisão – era demasiado previsível para todos, menos para os ingleses que, porventura, não tiveram tempo nem paciência para estudar o “modus operandi” da águia (embora Benítez se tenha visto obrigado a dizer o contrário) numa conjuntura deste tipo.
No futebol de alta competição ganha-se e perde-se por ínfimos pormenores. O Liverpool não só os desvalorizou como esteve 84’ a deixar a partida fluir, nada fazendo para assumir o estatuto de campeão europeu e, por consequência, de favorito na eliminatória. Agora, em Anfield, os súbditos da rainha também vão ter de sofrer.
Árbitro Konrad Plautz (3).
Um vermelho transformado em amarelo a Luis Garcia (entrada duríssima sobre Léo) e ficou um cartão por mostrar a Riise.
Autor: LUÍS PEDRO SOUSA
Data: Quarta-feira, 22 Fevereiro de 2006 - 03:23 em Record

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